Para refletir...

“Cuide-se como se você fosse de ouro, ponha-se você mesmo de vez em quando numa redoma e poupe-se.”Clarice Lispector

domingo, 8 de abril de 2012

Mandei eles entrar ou Mandei-os entrar?

A resposta é: Mandei-os entrar.
Após verbos causativos ou sensitivos (=mandar, deixar, fazer, ver, ouvir…), devemos usar pronomes oblíquos (=o, a, os, as) como sujeito do infinitivo.
A tradição gramatical condena o uso dos pronomes retos (ele, ela, eles, elas). Assim sendo: “Deixei-o falar bastante” (em vez de “deixei ele falar”); “O novo diretor ainda não a ouviu cantar” (em vez de “ouviu ela cantar”).
Se o sujeito do infinitivo for um substantivo plural, a concordância é facultativa: “Mandei os alunos entrar ou entrarem”. Segundo a tradição, o infinitivo após verbos causativos deveria ficar não flexionado: “Mandei os alunos entrar”; “Deixai vir a mim as criancinhas”.
Hoje em dia, entretanto, é fato e a maioria dos estudiosos da nossa língua já aceita a concordância do infinitivo no plural quando antecedido de um sujeito plural: “Mandei os alunos entrarem”; “O jogo fez os torcedores vibrarem muito”.

Sérgio Nogueira

Dissertação

Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. A primeira tem como objetivo expor, explicar ou interpretar idéias; a segunda procura persuadir o leitor ou ouvinte de que determinada tese deve ser acatada. Na dissertação argumentativa, além disso, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco.
Na dissertação expositiva, podemos explanar sem combater idéias de que discordamos. Por exemplo, um professor de História pode fazer uma explicação sobre os modos de produção, aparentando impessoalidade, sem tentar convencer seus alunos das vantagens das vantagens e desvantagens deles. Mas, se ao contrário, ele fizer uma explanação com o propósito claro de formar opinião dos seus alunos, mostrando as inconveniências de determinado sistema e valorizando um outro, esse professor estará argumentando explicitamente. Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca estéril”. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos-exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.

Como fazer uma dissertação argumentativa:

OS PASSOS:
1) interrogar o tema;
2) responder, com a opinião
3) apresentar argumento básico
4) apresentar argumentos auxiliares
5) apresentar fato- exemplo
6) concluir

COMO FICARIA O ESQUEMA:
1º parágrafo: a tese
2º parágrafo: argumento 1
3º parágrafo: argumento 2
4º parágrafo: fato-exemplo
5º parágrafo: conclusão

Missa do Galo - Machado de Assis - Análise

O conto possui o foco narrativo em primeira pessoa, isto é, o narrador é também personagem da trama.
Trata-se de um conto retrospectivo, pois o narrador, Sr. Nogueira já adulto, relata um acontecimento de seu passado.
A montagem da trama faz-se assim: o Sr. Nogueira, então com 17 anos, morava na casa do escrivão Meneses, para estudar. Naquele ano, prolongou sua estada na Corte (RJ) a fim de assistir à Missa do Galo, apesar de as férias já terem começado.
O escrivão Meneses, apesar de ser casado com Conceição, uma "santa" segundo o narrador, mantinha um caso extraconjugal com uma mulher separada do marido. Na casa, todos sabiam, inclusive sua esposa. Uma vez por semana, Meneses encontrava-se com a amante. A noite de Natal foi uma dessas ocasiões. O adultério declarado do marido de Conceição propicia as condições para que ela própria deseje também prevaricar.
Assim, acontece o encontro premeditado por ela, ao que tudo indica, com o jovem Nogueira, enquanto este, em casa, esperava a hora da Missa do Galo. Ele, por ingenuidade e inexperiência, não chega a captar exatamente as intenções da acomodada, mas traída Conceição. Ela, por sua roupa, seus gestos, suas atitudes, seu andar, suas frases ambíguas parece disposta a seduzir o estudante. No entanto, nenhum envolvimento maior acontece com eles.
No final, o narrador conta que, no ano seguinte, o escrivão Meneses morre de apoplexia. Quanto à Conceição, casou-se logo depois com o escrevente juramentado do marido.

É de se notar, nesse conto, as características mais presentes em Machado de Assis tais como: o tema do adultério e, mais especialmente na personagem Conceição, a análise psicológica e a ambiguidade de comportamento.